A toxina botulínica é uma toxina produzida por uma bactéria anaeróbia chamada Clostridium botulinum. Quando industrializada, a toxina é purificada para o seu uso clínico. A toxina botulínica é conhecida há mais de um século, tendo sido utilizada pela primeira vez em oftalmologia, para o tratamento de estrabismo. O seu uso rapidamente se expandiu para a área estética, com a publicação dos primeiros relatos de uso cosmético da toxina por volta de 1992.
Apesar de existirem sete diferentes tipos de toxina descritos, apenas as toxinas A e B são usadas na medicina, sendo a de tipo A a mais potente. Diversas toxinas botulínicas estão disponíveis no mercado, dentre as quais destacamos as marcas: Botox® (onabotulinumtoxinaA), Dysport® (abobotulinumtoxinaA) e Xeomin® (incobotulinumtoxinaA). Como o Botox® é a marca mais antiga no mercado, se tornou popularmente um sinônimo da toxina botulínica no Brasil.
Mecanismo de ação
A toxina botulínica age como um bloqueador neuromuscular, ou seja, ela impede a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular bloqueando a transmissão de estímulos dos neurônios para os músculos. Em outras palavras, o bloqueio da toxina acaba impedindo, parcial ou totalmente, a contração muscular. Apesar de irreversível, esse bloqueio é temporário, pois o organismo trata de construir novas vias de transmissão passado algum tempo.
Indicações
O Botox® tem diversas indicações clínicas não cosméticas, dentre as quais destacamos o tratamento de estrabismo e blefaroespasmo essencial benigno, desordens do VII nervo craniano (nervo facial), como a paralisia facial, distúrbios da articulação têmporo-mandibular (ATM), enxaqueca e também o tratamento de hiperhidrose axilar primária (sudorese excessiva nas axilas).
Em estética, o Botox® é indicado para a melhora temporária na aparência de rugas e linhas de expressão na face e pescoço.
Botox® e o envelhecimento facial
Muitos componentes influenciam no processo de envelhecimento facial. Podemos destacar o afinamento da derme, a elastose, a perda de volume facial, os fatores genéticos, a gravidade, as mudanças esqueléticas, o dano solar e o tabagismo como tendo um papel importante nesse processo.
Da mesma forma, a movimentação facial também se relaciona ao envelhecimento da face. Isso acontece porque algumas rugas são causadas primariamente pelo movimento da musculatura facial. Assim, quando uma ruga é causada pela ação muscular, ela pode ser tratada com a Toxina Botulínica.
Segundo dados recentes da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética, a ASAPS, o tratamento com toxina botulínica é o procedimento cosmético não cirúrgico mais frequentemente realizado no mundo.
Locais mais comuns de tratamento
Glabela: região localizada entre as sombrancelhas, com fácil enrugamento quando estamos com raiva, estressados ou em exposição à luz solar. É local muito comum de aplicação de Botox®, com suavização da expressão.
Frontal: região da testa ou fronte, com enrugamento quando estamos assustados ou supresos. Tem boa resposta à aplicação da toxina botulínica, sendo o tratamento mais indicado atualmente no tratamento das rugas nessa região, substiuindo o antigo lifting frontal convencional.
Pés-de galinha: região ao redor dos olhos lateralmente, com enrugamento quando sorrimos e às vezes quando choramos também. Outro local frequente de aplicação de Botox®.
Elevação do supercílio: a região da sombrancelha tende a cair com o passar dos anos como parte do processo de envelhecimento natural. O Botox® aplicado na região frontal e superciliar tende a fazer com que a sombrancelha suba, diminuindo com isso o excesso de pele palpebral, dando um aspecto de rejuvenescimento à região dos olhos
Pescoço: algumas pessoas apresentam a musculatura do pescoço hiperativa, evoluindo com o passar dos anos com bandas cervicais, que têm a aparência de cordões de pele no pescoço. O Botox® ajuda a diminuir o aspecto dessas bandas cervicais, devolvendo um contorno mais suave ao pescoço
Sulco naso-geniano: sulco que se forma entre a boca e o nariz quando sorrimos, em algumas pessoas que sorriem muito, esse sulco pode apresentar sulcos adicionais, causando enrugamento lateral ao sorriso. O Botox® pode atenuar essas rugas adicionais. Para diminuição da profundidade do sulco, no entanto, o mais indicado seria um preenchedor, como o ácido hialurônico.
Sorriso Gengival: quando ocorre uma exposição excessiva da gengiva quando sorrimos, dizemos que ocorre o sorriso gengival. Ao bloquear parte da musculatura que expõe a gengiva quando sorrimos, o Botox® pode resolver o problema do sorriso gengival, oferecendo um sorriso mais harmônico.
Rugas periorais: também conhecidas como “código de barras”, podem ser atenuadas com a aplicação de Botox®. Quando são profundas e muito marcadas, são melhor tratadas com preenchedores, como o ácido hialurônico.
Recomendações pós-aplicação de Botox®
– Evitar massagear a região tratada logo após a aplicação.
– Evitar realizar exercícios físicos durante as primeiras 4 horas após a aplicação.
– Evitar deitar-se durante as primeiras 4 horas após a aplicação.
– Podem-se formar pequenos abaulamentos com vermelhidão ao redor dos pontos de aplicação de Botox®, que correspondem a uma reação à injeção do produto e normalmente regridem algumas horas após a aplicação, sem necessidade de tratamento específico
– Podem ocorrer pequenos hematomas próximos à área de aplicação de Botox®, pela lesão acidental de pequenos vasos da região. O uso de compressas geladas e medicação específica pode ser indicado conforme o caso e a orientação médica.
Veja mais sobre toxina botulínica no nosso vídeo sobre Botox®