Insuficiência Velofaríngea e fissura labiopalatina

A insuficiência velofaríngea pode levar a dificuldades na comunicação verbal, na alimentação e na respiração, impactando significativamente a qualidade de vida do paciente. O diagnóstico e o tratamento precoces são essenciais para minimizar os efeitos adversos dessa condição e melhorar a função velofaríngea do paciente.

Insuficiência Velofaríngea

A Insuficiência Velofaríngea (IVF) é uma condição caracterizada pela incapacidade de fechar adequadamente a passagem entre a cavidade oral e a cavidade nasal durante a fala e a deglutição. Isso resulta em escape de ar e em emissão de som anasalado durante a fala, ou seja, o paciente tende a emitir o som através do nariz levando à chamada voz fanha.

Causas da insuficiência velofaríngea

A insuficiência velofaríngea pode ser causada por uma variedade de fatores, incluindo anomalias anatômicas no palato mole, disfunção dos músculos envolvidos no fechamento velofaríngeo e lesões nervosas. Essa condição é frequentemente associada a distúrbios do desenvolvimento craniofacial, como fissura labiopalatina, mas também pode ocorrer de forma isolada.

Quando acontece a insuficiência velofaríngea no pós-operatório da cirurgia de palato?

A cirurgia de correção de fissura labiopalatina tem como objetivo não apenas fechar a abertura no céu da boca, mas também restaurar sua função adequada para permitir uma fala normal. No entanto, em alguns casos, mesmo com a cirurgia realizada de maneira adequada, pode ocorrer insuficiência velofaríngea. 

Isso acontece quando o palato da criança é muito curto ou não consegue se alongar o suficiente para alcançar a região faríngea e fechar a passagem de ar pelo nariz durante a fala. Como resultado, a criança pode apresentar fala anasalada, também conhecida como hipernasalidade. 

Mesmo quando a cirurgia é realizada no momento ideal e com reposicionamento adequado da musculatura, alguns pacientes podem apresentar disfunção velofaríngea devido à função inadequada do palato. Nesses casos, o palato tem uma anatomia razoável, mas não é capaz de funcionar adequadamente, resultando em incompetência velofaríngea.

A ocorrência de insuficiência velofaríngea em pacientes fissurados é, na verdade, uma exceção, e não a regra. Embora os cirurgiões façam o possível para evitar sua ocorrência, aproximadamente 10 a 15% dos pacientes operados podem desenvolver essa condição.  

Os profissionais de saúde procuram ao máximo evitá-la, pois é uma condição complexa de tratar. No entanto, não são apenas os pacientes fissurados que podem apresentar insuficiência velofaríngea. Pacientes submetidos a cirurgias na região do palato mole, incluindo procedimentos na úvula e na campainha, também podem desenvolver essa condição. Além disso, ao avançar a maxila, especialmente em pacientes com tendência a ter um palato posterior mais curto, aumenta-se o espaço para passagem de ar, o que pode contribuir para uma fala mais anasalada.

O que fazer nos casos de insuficiência velofaríngea?

Para determinar o melhor curso de tratamento, primeiramente é necessário avaliar o grau de insuficiência velofaríngea através de um exame chamado nasoendoscopia, que será crucial para determinar a gravidade da condição e desenvolver um plano de tratamento adequado para cada paciente.

Esse exame envolve a inserção de um pequeno aparelho pelo nariz do paciente enquanto ele fala, permitindo aos profissionais de saúde visualizar como a região faríngea se fecha em relação ao palato. 

A mobilidade e o fechamento adequado da região faríngea são essenciais para a função velofaríngea, pois não apenas o palato, mas também a faringe, contribuem para essa ação. A faringe pode se movimentar de várias formas, incluindo movimentos circulares, ântero-posteriores e laterais, e essas diferentes formas de movimentação podem afetar a função velofaríngea.

Insuficiência velofaríngea – cirurgia e recuperação da fala

Quando ocorre insuficiência velofaríngea devido a um palato muito curto, geralmente é tentada uma repalatoplastia, uma nova cirurgia no palato para tentar alongá-lo. Por outro lado, se o palato não é extremamente curto, mas ainda há dificuldades na fala, pode-se intervir na faringe. Nesses casos, são realizados retalhos faríngeos e uma faringoplastia dinâmica, que é o método mais utilizado para diminuir o espaço e melhorar a função velofaríngea, consequentemente melhorando a fala do paciente.

É importante ressaltar que a cirurgia geralmente não produz um efeito imediato na fala do paciente. Muitas vezes, ocorre um edema e um inchaço na região que pode levar algum tempo para diminuir. Após esse período de recuperação, o paciente geralmente experimenta uma melhora na fala em comparação ao período pré-operatório.

No pós-operatório, o acompanhamento com um fonoaudiólogo é fundamental. A fonoaudiologia desempenha um papel importante na recuperação da mobilidade e da função da região velofaríngea por meio de exercícios específicos, auxiliando o paciente a recuperar sua capacidade de fala de forma mais eficaz.

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Resumo do Post

Sobre a Drª Clarice Abreu

Sou médica especialista em Cirurgia Plástica e Cirurgia Craniomaxilofacial, com formação nacional e internacional em Cirurgia Plástica Estética e Reparadora e em Cirurgia Plástica e Craniofacial Pediátrica. Estou comprometida com um atendimento diferenciado e humanizado, respeitando a individualidade de cada paciente e valorizando seus aspectos psicológicos, suas motivações e expectativas pessoais.

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